sábado, 2 de março de 2013

Um Poema por Dia #19 Desfolhada Portuguesa

Corpo de linho, lábios de mosto
Meu corpo lindo, meu fogo posto
Eira de milho, luar de Agosto
Quem faz um filho fá-lo por gosto
É milho-rei, milho vermelho
Cravo de carne, bago de amor
Filho de um rei que sendo velho
Volta a nascer quando há calor
Minha palavra dita à luz do sol nascente
Meu madrigal de madrugada
Amor, amor, amor, amor, amor presente
Em cada espiga desfolhada

Minha raiz de pinho verde
Meu céu azul tocando a serra
Ó, minha mágoa e minha sede
Ao mar, ao sul da minha terra
É trigo loiro, é além Tejo
O meu país neste momento
O sol, o queima, o vento, o beija
Seara louca em movimento
Minha palavra dita à luz do sol nascente
Meu madrigal de madrugada
Amor, amor, amor, amor, amor presente
Em cada espiga desfolhada

Olhos de amêndoa, cisterna escura
Onde se alpendra a desventura
Moira escondida, moira encantada
Lenda perdida, lenda encontrada
Ó, minha terra, minha aventura
Casca de noz desamparada
Ó, minha terra, minha lonjura
Por mim perdida, por mim achada

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