Ovelhas e Bibliotecas: Sofrimentos |
É um certo tom que eu não sei derivar como devia: uma transparência, um esbatimento, a abstracção das coisas. A ovelha a meio do campo, vista deste combóio, sofre só dessa terrível solidez: ovelha O mesmo se passa com a minha cozinha, ou um livro, ou uma emoção: um assado bem feito pode superar qualquer capítulo bem anotado, o cheiro das cebolas é às vezes mais transcendente do que tantos caracteres a que faIta sal Neste momento, está atrasado o combóio, um inter-regional que pára nas estações todas, mas há sol, e assim fico a conhecer os apeadeiros portugueses, e talvez me sirvam de poema mais tarde, e tenho o privilégio de me comover com os seus tons floridos Agora a linha é mais simples e estreita, correndo, paralela, à Estrada Nacional, uma linha de frase básica, só com os elementos principais. Mas, às vezes, a ovelha que a atravessa, secante, dá-lhe uma certa vírgula romântica É num tom desses que eu me sei mover.: no intermédio cruzamento dos portões do real, nas despensas do mundo Essas em que guardo o resto dos temperos, um ou outro feitiço no Livro de Receitas - Ana luísa Amaral in Mealibra Revista de Cultura nº 11 |
Enquanto as amigas suspiravam pelos cantos por uma Bimby, K sonhava com alguém que lavasse, passasse a ferro e limpasse o pó... Até podia ser uma Bimba! Enfim, uma fada do lar que lhe permitisse ser a "Professora das Histórias", ir às compras, cozinhar e ainda ter tempo para respirar...
terça-feira, 21 de maio de 2013
Um Poema por Dia #32 Ovelhas e Bibliotecas: Sofrimentos
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