quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Um poema por Dia #16 Como Água para Chocolate (excerto)

Não é o poema do dia,
mas lá que podia, podia!


Dizem que Tita era tão sensível que quando ainda estava na barriga da minha bisavó chorava e chorava quando esta picava cebola; o choro dela era tão forte que Nacha, a cozinheira da casa, que era meio surda, o ouvia sem se esforçar. Um dia os soluços foram tão fortes que fizeram com que o parto se adiantasse. E sem que a minha bisavó tivesse tempo para dar um ai, Tita chegou a este mundo prematuramente, em cima da mesa da cozinha, entre os cheiros de uma sopa de aletria que estava a ser cozinhada, do tomilho, do louro, dos coentros, do leite fervido, dos alhos, e é claro, da cebola. Como poderão imaginar, a costumada nalgada não foi necessária pois Tita nasceu a chorar de
antemão, talvez por saber que o seu oráculo determinava que nesta vida lhe estava negado o casamento. Contava Nacha que Tita foi literalmente empurrada para este mundo por uma torrente impressionante de lágrimas que se derramaram pela mesa e pelo chão da cozinha.


Laura Esquível,

Como Água para Chocolate
 
 
A obra foi adaptada ao cinema em 1992 pela mão do realizador Alfonso Arau 

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Um poema por dia #15 Num Bairro Moderno

Num Bairro Moderno
Cesário Verde
Dez horas da manhã; os transparentes
Matizam uma casa apalaçada;
Pelos jardins estancam-se os nascentes,
E fere a vista, com brancuras quentes,
A larga rua macadamisada.

Rez-de-chaussée repousam socegados,
Abriram-se, n'alguns, as persianas,
E d'um ou d'outro, em quartos estucados,
Ou entre a rama dos papeis pintados,
Reluzem, n'um almoço, as porcelanas.

Como é saudavel ter o seu conchego,
E a sua vida facil! Eu descia,
Sem muita pressa, para o meu emprego,
Aonde agora quasi sempre chego
Com as tonturas d'uma apoplexia.

E rota, pequenina, aramafada,
Notei de costas uma rapariga,
Que no xadrez marmoreo d'uma escada,
Como um retalho de horta agglomerada,
Pousára, ajoelhando, a sua giga.

E eu, apesar do sol, examinei-a:
Poz-se de pé: resoam-lhe os tamancos;
E abre-se-lhe o algodão azul da meia,
Se ella se curva, esguedelhada, feia,
E pendurando os seus bracinhos brancos.

Do patamar responde-lhe um criado:
«Se te convém, despacha; não converses.
Eu não dou mais.» E muito descançado,
Atira um cobre livido, oxidado,
Que vem bater nas faces d' uns alperces.

Subitamente,--que visão de artista!--
Se eu transformasse os simples vegetaes,
Á luz do sol, o intenso colorista,
N'um ser humano que se mova e exista
Cheio de bellas proporções carnaes?!

Boiam aromas, fumos de cozinha;
Com o cabaz ás costas, e vergando,
Sobem padeiros, claros de farinha;
E ás portas, uma ou outra campainha
Toca, frenetica, de vez em quando.

E eu recompunha, por anatomia,
Um novo corpo organico, aos bocados.
Achava os tons e as fórmas. Descobria
Uma cabeça n'uma melancia,
E n'uns repolhos seios injectados.

As azeitonas, que nos dão o azeite,
Negras e unidas, entre verdes folhos,
São tranças d'um cabello que se ageite;
E os nabos--ossos nus, da côr do leite,
E os cachos d'uvas--os rosarios d'olhos.

Ha collos, hombros, boccas, um semblante
Nas posições de certos fructos. E entre
As hortaliças, tumido, fragrante,
Como d'alguem que tudo aquilo jante,
Surge um melão, que me lembrou um ventre.

E, como um feto, emfim, que se dilate,
Vi nos legumes carnes tentadoras,
Sangue na ginja vivida, escarlate,
Bons corações pulsando no tomate
E dedos hirtos, rubros, nas cenouras.

O sol dourava o céo. E a regateira,
Como vendera a sua fresca alface
E déra o ramo de hortelã que cheira,
Voltando-se, gritou-me prazenteira:
«Não passa mais ninguem!... Se me ajudasse?!...»

Eu acerquei-me d'ella, sem desprezo;
E, pelas duas azas a quebrar,
Nós levantámos todo aquelle peso
Que ao chão de pedra resistia preso,
Com um enorme esforço muscular.

«Muito obrigada! Deus lhe dê saúde!»
E recebi, náquella despedida,
As forças, a alegria, a plenitude,
Que brotam d'um excesso de virtude
Ou d'uma digestão desconhecida.

E em quanto sigo para o lado opposto,
E ao longe rodam umas carruagens,
A pobre afasta-se, ao calor de agosto,
Descolorida nas maçãs do rosto,
E sem quadris na saia de ramagens.

Um pequerrucho rega a trepadeira
D'uma janella azul; e, com o ralo
Do regador, parece que joeira
Ou que borrifa estrellas; e a poeira
Que eleva nuvens alvas e incensal-o.

Chegam do gigo emanações sadias,
Oiço um canario--que infantil chilrada!--
Lidam ménages entre as gelosias,
E o sol estende, pelas frontarias,
Seus raios de laranja distillada.

E pittoresca e audaz, na sua chita,
O peito erguido, os pulsos nas ilhargas,
D'uma desgraça alegre que me incita,
Ella apregôa, magra, enfezadita,
As suas couves repolhudas, largas.

E como as grossas pernas d'um gigante,
Sem tronco, mas athleticas, inteiras,
Carregam sobre a pobre caminhante,
Sobre a verdura rustica, abundante,
Duas frugaes aboboras carneiras.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Um poema por dia #14


 
 
 

SONETO AMÉRICA LATINA
Avelino de Araújo, 1987
AVELINO ARAUJO
Publicado na revista BROUHAHA, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, Ano III, n. 10, setembro/outubro 2007, na edição especial dedicada aos POEMA PROCESSO, exemplar gentilmente cedido por nossos amigos/colaboradores WLADEMIR DIAS-PINO e REGINA POUCHAIN.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Um Poema por Dia #13

Fado dos Cheirinhos

Ai que cheirinho tem o lindo caldo verde que tu trazes nos teus olhos
Ai que cheirinho tem o alecrim da esperança que tu me atira aos molhos
Ai que cheirinho têm as roupas de linho que tu estendes nas janelas
Ai que cheirinho gosto mais de amor contigo do que das iscas com elas
Tua boca cheira a cravo
E teu corpo a segurelha
Quando cheiro o cabelo
Cheiro uma rosa vermelha
Tens um cheirinho a hortelã
Na pimenta das palavras
Quando acordas de manhã
Tens tempero de ervas bravas
Ai que cheirinho tem o lindo caldo verde que tu trazes nos teus olhos
Ai que cheirinho tem o alecrim da esperança que tu me atira aos molhos
Ai que cheirinho têm as roupas de linho que tu estendes nas janelas
Ai que cheirinho gosto mais de amor contigo do que das iscas com elas
Tens um cheiro a erva doce
Mesmo na ponta dos dedos
E és já como se eu fosse
Um cravinho de segredos
Há um cheiro a madrugada
Nas colinas dos teus seios
E uma amora perfumada
Nos teus belos lábios cheios
Ai que cheirinho tem o lindo caldo verde que tu trazes nos teus olhos
Ai que cheirinho tem o alecrim da esperança que tu me atiras aos molhos
Ai que cheirinho têm as roupas de linho que tu estendes nas janelas
Ai que cheirinho gosto mais de amor contigo do que das iscas com elas.
Teu corpo cheira a maçã
E até o nosso filho
Quando nascer amanhã
Há-de cheirar a tomilho
Porque me cheiras tão bem
Desde o dia em que te vi?
No fundo, sabes meu bem
É porque cheiras a ti!
Ai que... cheirinho tem o lindo caldo verde que tu trazes nos teus olhos
Ai que cheirinho tem o alecrim da esperança que tu me atira aos molhos
Ai que cheirinho têm as roupas de linho que tu estendes nas janelas
Ai que cheirinho gosto mais de amor contigo do que das iscas com elas


Ary dos Santos

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Tabacaria (excerto)

Um poema por dia #12

(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)
Álvaro de Campos

(ver poema completo)

Frémito do Meu Corpo a Procurar-te

Um poema por dia  #11


Frémito do meu corpo a procurar-te,
Febre das minhas mãos na tua pele
Que cheira a âmbar, a baunilha e a mel,
Doído anseio dos meus braços a abraçar-te,

Olhos buscando os teus por toda a parte,
Sede de beijos, amargor de fel,
Estonteante fome, áspera e cruel,
Que nada existe que a mitigue e a farte!

E vejo-te tão longe! Sinto tua alma
Junto da minha, uma lagoa calma,
A dizer-me, a cantar que não me amas...

E o meu coração que tu não sentes,
Vai boiando ao acaso das correntes,
Esquife negro sobre um mar de chamas...

Florbela Espanca, in "A Mensageira das Violetas"


O Primeiro Gomo de Tangerina

Um poema por dia #10 


Todos vieram
ver a menina
ao primeiro gomo de tangerina
menina atenta
  não experimenta
sem primeiro
saber do cheiro
o sabor dos lábios
gestos sábios
Fruta esquisita
menina aflita
ao primeiro gomo de tangerina
amarga e doce
como se fosse
essa hora
em que chora
e depois dobra o riso
e assim faz seu juízo
Sumo na vida
é o que eu te desejo
um beijo um beijo
Ah, que se lembre
sempre a menina
do primeiro gomo de tangerina
p´la vida dentro
é esse o centro
da parcela da vitamina
que a faz crescer sempre menina
A terra é grande
é pequenina
do tamanho apenas da tangerina
quem mata e morra
nunca percorre
os caminhos do que há de melhor
nesse sumo
a vida, gomo a gomo
Sumo na vida
é o que eu te desejo
rumo na vida
um beijo
um beijo

Sérgio Godinho
 

Vanderlyle Crybaby Geeks

Um poema por dia #9                                                 
Leave your home
Change your name
Live alone
Eat your cake

Vanderlyle crybaby cry
Though the water's a-rising
Still no surprising you
Vanderlyle crybaby cry
Man, it's all been forgiven
Swans are a-swimmin'
I'll explain everything to the geeks

All the very best of us string ourselves up for love
All the very best of us string ourselves up for love
All the very best of us string ourselves up for love
All the very best of us string ourselves up for love

Vanderlyle crybaby cry
Though the water's a-rising
Still no surprising you
Vanderlyle crybaby cry
Man, it's all been forgiven
Swans are a-swimmin'
I'll explain everything to the geeks

Hanging from
Chandeliers
Same small world
At your heels

All the very best of us string ourselves up for love
All the very best of us string ourselves up for love
All the very best of us string ourselves up for love
All the very best of us string ourselves up for love

Vanderlyle crybaby cry
Though the water's a-rising
There's still no surprising you
Vanderlyle crybaby cry
Man, it's all been forgiven
The swans are a-swimmin'
I'll explain everything to the geeks

I'll explain everything to the geeks

I'll explain everything to the geeks
 

Matthew D Berninger, Aaron B Dessner

Natal dos Simples

Um poema por dia #8

Vamos cantar as janeiras
Vamos cantar as janeiras
Por esses quintais adentro vamos
Às raparigas solteiras
Vamos cantar orvalhadas
Vamos cantar orvalhadas
Por esses quintais adentro vamos
Às raparigas casadas
Vira o vento e muda a sorte
Vira o vento e muda a sorte
Por aqueles olivais perdidos
Foi-se embora o vento norte
Muita neve cai na serra
Muita neve cai na serra
Só se lembra dos caminhos velhos
Quem tem saudades da terra
Quem tem a candeia acesa
Quem tem a candeia acesa
Rabanadas pão e vinho novo
Matava a fome à pobreza
Já nos cansa esta lonjura
Já nos cansa esta lonjura
Só se lembra dos caminhos velhos
Quem anda à noite à ventura

Zeca Afonso

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Não só Vinho, mas nele o Olvido

Um poema  por dia #7

Não só vinho, mas nele o olvido, deito
Na taça: serei ledo, porque a dita
É ignara. Quem, lembrando
Ou prevendo, sorrira?
Dos brutos, não a vida, senão a alma,
Consigamos, pensando; recolhidos
No impalpável destino
Que não 'spera nem lembra.
Com mão mortal elevo à mortal boca
Em frágil taça o passageiro vinho,
Baços os olhos feitos
Para deixar de ver.

Ricardo Reis, in "Odes"
Heterónimo de Fernando Pessoa


sábado, 9 de fevereiro de 2013

Banana Pancakes

Um poema por dia #6

 

Jack Johnson

Well can't you see that it's just raining?
There ain't no need to go outside.
But Baby,
You hardly even notice
When i try to show you this
Song is meant to keep you
From doing what you're supposed to
Wakin' up to early
Maybe we could sleep
Make you banana pancakes
Pretend like its the weekend now
We could pretend it all the time.
Can't you see that its just raining
There Ain't no need to go outside
But just maybe!
Hala ka ukulele, mama made a baby
Really don't mind to practice cause you're my little lady
Lady lady love me cause I love to lay you lazy
We could close the curtains pretend like theres no world
Outside.
Then we could pretend it all the time
Can't you see that its just raining
Ain't no need to go outside
Ain't no need, ain't no need.
Mmmm mmmm mmmmm mmmmm
Can't you see, can't you see?
Rain all day and I don't mind
But the telephones singin', ringin', its too early dont, pick it up
We don't need to
We got everything we need right here and everything we need is enough
Just so easy
When the whole world fits inside of your arms
Do we really need to pay attention to the alarm?
Wake up slow, mmmmm mmmmmm
Wake up slow
But Baby,
You hardly even know this
When i try to show you this
Song is meant to keep you
From doing what you're supposed to
Wakin' up too early
Maybe we could sleep
Make you banana pancakes
Pretend like its the weekend now
Then we could pretend it all the time.
Can't you see that its just raining.
Ain't no need to go outside.
Ain't no need ain't no need
Rain all day and I really really really don't mind
Can't you see can't you see?
You gotta wake up slow

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Cigarettes and chocolate milk

Um poema por dia #5

Cigarettes and chocolate milk
These are just a couple of my cravings
Everything it seems i like's a little bit stronger
A little bit thicker
A little bit harmful for me

If i should buy jellybeans
Have to eat them all in just one sitting
Everything it seems i like's a little bit sweeter
A little bit fatter
A little bit harmful for me

And then there's those other things
Which for several reasons we won't mention
Everything about them is a little bit stranger
A little bit harder
A little bit deadly

It isn't very smart
Tends to make one part so broken-hearted

Sitting here remembering me
Always been a shoe made for the city
Go ahead, accuse me of just singing about places
With scrappy boys faces
Have general run of the town
Playing with prodigal songs
Takes a lot of sentimental valiums
Can't expect the world to be your raggedy andy
While running on empty
You little old doll with a frown

You got to keep in the game
Maintaining mystique while facing forward
I suggest a reading of 'a lesson in tightropes'
Or 'surfing your high hopes' or 'adios kansas'

It isn't very smart
Tends to make one part so broken-hearted

Still there's not a show on my back
Holes or a friendly intervention
I'm just a little bit heiress, a little bit irish
A little bit tower of pisa whenever i see you
So please be kind if i'm a mess
Cigarettes and chocolate milk

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Um poema por dia... #3

A Supermarket in California

by Allen Ginsberg
  What thoughts I have of you tonight, Walt Whitman, for I walked 
down the sidestreets under the trees with a headache self-conscious looking 
at the full moon.
  In my hungry fatigue, and shopping for images, I went into the neon
fruit supermarket, dreaming of your enumerations!
  What peaches and what penumbras!  Whole families shopping at 
night!  Aisles full of husbands!  Wives in the avocados, babies in the tomatoes!
--and you, García Lorca, what were you doing down by the watermelons?

  I saw you, Walt Whitman, childless, lonely old grubber, poking
among the meats in the refrigerator and eyeing the grocery boys.
  I heard you asking questions of each: Who killed the pork chops?    
What price bananas?  Are you my Angel?
  I wandered in and out of the brilliant stacks of cans following you,
and followed in my imagination by the store detective.
  We strode down the open corridors together in our solitary fancy 
tasting artichokes, possessing every frozen delicacy, and never passing the 
cashier.

  Where are we going, Walt Whitman?  The doors close in a hour.
Which way does your beard point tonight?
  (I touch your book and dream of our odyssey in the supermarket and
feel absurd.)
  Will we walk all night through solitary streets?  The trees add shade
to shade, lights out in the houses, we'll both be lonely.
  Will we stroll dreaming of the lost America of love past blue automo-
biles in driveways, home to our silent cottage?
  Ah, dear father, graybeard, lonely old courage-teacher, what America
did you have when Charon quit poling his ferry and you got out on a 
smoking bank and stood watching the boat disappear on the black waters of
Lethe?
--Berkeley, 1955

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Um poema por dia... #2

 Love Poem to an Avocado from a Tomato

Tonight I wore my bright red suit
and came to the opera
just to see you at the buffet.
Leaning against a cabbage leaf
in a bowl of salad.
Your olive skin shimmers
like a river at night.
You dance among carrots, cucumbers,
and wear a crown of alfalfa sprouts like a queen.
I straighten my green necktie and bow to you,
then blush red as my suit
as you glide by in an artichoke’s arms
under the rain of a thousand islands.

By Yumi Thomas

Um poema por dia... #1

This Is Just To Say

by William Carlos Williams

I have eaten
the plums
that were in
the icebox

and which
you were probably
saving
for breakfast

Forgive me
they were delicious
so sweet
and so cold

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Um poema por dia / Nem sabe o bem que lhe fazia

 Seguindo a ideia que a K tem  posto em prática no Facebook, início aqui uma nova secção.
 Regra: o texto terá forçosamente que relacionar-se de alguma forma com alimentação... só assim pode caber no Caldeirão.
Beijocas deliciadas da vossa Epifânia