quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Um poema por Dia #16 Como Água para Chocolate (excerto)

Não é o poema do dia,
mas lá que podia, podia!


Dizem que Tita era tão sensível que quando ainda estava na barriga da minha bisavó chorava e chorava quando esta picava cebola; o choro dela era tão forte que Nacha, a cozinheira da casa, que era meio surda, o ouvia sem se esforçar. Um dia os soluços foram tão fortes que fizeram com que o parto se adiantasse. E sem que a minha bisavó tivesse tempo para dar um ai, Tita chegou a este mundo prematuramente, em cima da mesa da cozinha, entre os cheiros de uma sopa de aletria que estava a ser cozinhada, do tomilho, do louro, dos coentros, do leite fervido, dos alhos, e é claro, da cebola. Como poderão imaginar, a costumada nalgada não foi necessária pois Tita nasceu a chorar de
antemão, talvez por saber que o seu oráculo determinava que nesta vida lhe estava negado o casamento. Contava Nacha que Tita foi literalmente empurrada para este mundo por uma torrente impressionante de lágrimas que se derramaram pela mesa e pelo chão da cozinha.


Laura Esquível,

Como Água para Chocolate
 
 
A obra foi adaptada ao cinema em 1992 pela mão do realizador Alfonso Arau 

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