sábado, 29 de junho de 2013

Um Poema por Dia #36

Emergência Outonal


As cores da maçã assada aberta

pelo fim do verão antecipam no palato

uma emergência de outono.

Convida a ficar por casa

esta maçã que feri e salpiquei pelo torso

com cézannes de canela.

Sob a epiderme tisnada (cor

amarelo-pecado) é

perene o seu sabor. Vê só

como jazem nuas

suas vestes pelo prato

(qual roupa de rapariga desbragada

pelo chão).
 
 
João Luís Barreto Guimarães
 
 
Nota: O autor foi "descoberto" esta tarde graças a um "simpático, melómano amigo das redes". Obrigada :)

(...) a vida nos intervalos #45


Deolinda
 


Quantos sorrisos cabem num ano? #2

Paredão da Praia da Barra

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Expressões de que não gosto... é que nadinha, mesmo! #1

    Mais uma da exclusiva responsabilidade da C... Com o mau feitio dela, isto é coisa para crescer. Muito.


(Deixar a) Zona de conforto - ninguém a deixa. Ou se é expulso ou não era assim tão confortável!

terça-feira, 18 de junho de 2013

(...) a vida nos intervalos #35


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Um Poema por Dia #34


Dobrada à Moda do Porto

Um dia, num restaurante, fora do espaço e do tempo,
Serviram-me o amor como dobrada fria.
Disse delicadamente ao missionário da cozinha
... Que a preferia quente,
Que a dobrada (e era à moda do Porto) nunca se come fria.

Impacientaram-se comigo.
Nunca se pode ter razão, nem num restaurante.
Não comi, não pedi outra coisa, paguei a conta,
E vim passear para toda a rua.

Quem sabe o que isto quer dizer?
Eu não sei, e foi comigo ...

(Sei muito bem que na infância de toda a gente houve um jardim,
Particular ou público, ou do vizinho.
Sei muito bem que brincarmos era o dono dele.
E que a tristeza é de hoje).

Sei isso muitas vezes,
Mas, se eu pedi amor, porque é que me trouxeram
Dobrada à moda do Porto fria?
Não é prato que se possa comer frio,
Mas trouxeram-mo frio.
Não me queixei, mas estava frio,
Nunca se pode comer frio, mas veio frio.

Álvaro de Campos

Outros Caldeirões - Casanova; Pizzarte


Depois de anos a ouvir tecer-lhe elogios e a adiar sucessivamente a ida, a C visitou finalmente a Pizzeria Casanova e, não é que a montanha parisse um rato: o local é muito agradável, o atendimento célere, prazenteiro e competente. A comida experimentada - uma pizza e dois calzone - bem confecionada e gostosa.

Não consegui deixar de fazer comparações com a congénere do burgo onde sobrevivo - a Pizzarte.

Salvas as devidas distâncias, nomeadamente do Rio Tejo :) ficam ambas no top das minhas preferências no que "à massa" e ao "recheio" diz respeito, sendo que os preços são, naturalmente, inferiores para os lados da Veneza portuguesa.

A terminar apenas um reparo para os responsáveis da casa da capital: 5,50€ por uma sopa! Um tudo nada exorbitante, me parece.

Beijocas deliciosas da vossa Epifânia





O pão de alho da "Pizzarte" e um dos calzone da "Casanova" - ambos completamente yammy


 
 

quarta-feira, 12 de junho de 2013

sábado, 8 de junho de 2013

(...) a vida nos intervalos #25 Aline Frazão



"Os sonhos de betão armado não valem nada se as pessoas continuam a viver mal."
Aline Frazão

Ouvi um pouco da entrevista desta menina no "Bairro Alto".... E gostei!

letra: José Eduardo Agualusa
música: Aline Frazão

Morrer no céu da tua boca,
estrela rasgando a noite,
água-viva, assombro, açoite.

Madrugada, acordar rouca,
A pele em fogo, o sangue
em convulsão. Lenta e langue,

meio à deriva, meio louca,
dançar nua na varanda,
vendo nascer em Luanda

a fina chama, tão pouca
de um dia em construção.
Tomar enfim a decisão:

Viver no céu da tua boca
Sol salvando a manhã,
bikini, praia, ray-ban.

Passar a vida inteira sem roupa
Varandando assim à toa
Ave vem e ave voa

Morena, moura, barroca
Dançando feito uma louca
Na manhã da tua boca.

(...) a vida nos intervalos #24

 
Um dia os réus serão vocês - o julgamento de Álvaro Cunhal
Companhia de Teatro de Almada 
 
Uma peça baseada na defesa que o líder comunista apresentou no seu julgamento contra a ditadura fascista em 1950, e cuja atualidade não pode deixar de assombrar-nos.  
 
Ficha Artística

intérpretes
Luís Vicente, João Farraia e Manuel Mendonça
vídeo
Catarina Neves

desenho de luz e cenário
Guilherme Frazão

produção
Paulo Mendes

mais informações
Companhia de Teatro de Almada

(...) a vida nos intervalos #23

6 de junho de 2013
 


"este pobre não é pedinchão nem é de pedir, se pede é
só porque está desempregado, ora aqui temos uma ideia excelente, andarem os
desempregados todos de braçadeira, uma tira de pano preto onde se leia, com todas as
letras, brancas para darem mais nas vistas, Desempregado, facilitava a contagem e evitava
que deles nos esquecêssemos."
 
in Saramago, José, O Ano da Morte de Ricardo Reis
 
 

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Obrigada, Jeff Buckley Um Poema por Dia #33

Partiu há 16 anos...
entrou na minha vida há 13
um daqueles casos "para toda a vida" e, creio,
um pouquinho responsável pelo meu percurso

quantas emoções naquele suspiro no Hallelujah, ouvido em repeat
primeiro, no verão de 2001 em casa da querida L,
-"o que é que te falta?"-
mais tarde nos cantos de céu por onde passei...

...é sempre bom voltar a casa...
                K. 5 de junho de 2013





Lilac Wine
I lost myself on a cool damp night
Gave myself in that misty light
Was hypnotized by a strange delight
Under a lilac tree
I made wine from the lilac tree
Put my heart in its recipe
It makes me see what I want to see
and be what I want to be
When I think more than I want to think
Do things I never should do
I drink much more that I ought to drink
Because (it) brings me back you...

Lilac wine is sweet and heady, like my love
Lilac wine, I feel unsteady, like my love
Listen to me... I cannot see clearly
Isn't that she coming to me nearly here?
Lilac wine is sweet and heady where's my love?
Lilac wine, I feel unsteady, where's my love?
Listen to me, why is everything so hazy?
Isn't that she, or am I just going crazy, dear?
Lilac Wine, I feel unready for my love...

(...) a vida nos intervalos #21

Intervalo económico-consumista
Cover me with flowers, David Sylvian