domingo, 20 de outubro de 2013

(...) a vida nos intervalos #158

 As mãos
 
Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema – e são de terra.
Com mãos se faz a guerra – e são a paz.
Almada

 
Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra

as mãos que são o canto e são as armas.
 
E cravam-se no Tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.

Folhas que vão no vento: verdes harpas.
 
De mãos é cada flor cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:

nas tuas mãos começa a liberdade.

Manuel Alegre, O Canto e as Armas, 1967


 

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